Introdução:
Fotografar
objetos e eventos astronômicos não é apenas trabalho
de astrônomos profissionais que possuem telescópios
gigantescos. Muitas fotografias bonitas em livros ou
sites de astronomia foram feitas por astrônomos amadores
que usam equipamento relativamente simples. Astrofotografia
é normalmente o passo seguinte de quem já possui um
telescópio e já aprendeu algo sobre o céu, e naturalmente
quer registrar e compartilhar o que está observando.
No entanto o fato de não possuir um telescópio
não impede que se dê os primeiros passos
em astrofotografia, mesmo que a técnica de câmera
fixa no tripé imponha certas limitações,
é possível produzir fotos surpreendentes.
Naturalmente o conhecimento básico de fotografia
e equipamento fotográfico favorecerá.
Astrofotografia
sem Telescópio e com câmera fixa
É
possível iniciar na astrofotografia mesmo sem um telescópio,
desde que se observe os limites de exposição, evitando
assim, que uma estrela perca sua imagem pontual e seja
registrada como um traço. Esses limites dependem da
posição no céu a ser fotografada e quanto mais próxima
do equador celeste, maior é o deslocamento angular das
estrelas e quanto mais próxima dos pólos celestes menor
é o deslocamento.
Equipamento
inicial para astrofotografia:
1.
Uma câmera reflex 35 mm (SLR) preferencialmente do tipo
mecânica (que não necessitando de baterias para o mecanismo
operar), que possua controle de velocidade com “B“.
Câmeras do tipo Pentax K-1000, Vivitar V3000 ou similares
já são suficientes para começar.
2.
A mais usual de todas as lentes ainda é a velha lente
normal de 50mm. Primeiro: pela
ótima claridade, segundo:
porque pela simplicidade da ótica da lente normal,
ela sempre garante uma boa qualidade de imagem
mesmo em modelos mais baratos. É claro que se você possuir
lentes grande-angular, tele-objetiva ou zoom, poderá usa-las. A tabela
de exposição no final do capítulo abrange distâncias
focais de 28mm até 200mm.
3.
um tripé razoavelmente firme é requerido. Esteja seguro
de que ele possa inclinar a máquina fotográfica para
o zênite (diretamente para cima).
4.
Um cabo de disparo com trava e um pedaço de papel cartão
preto para obstruir a frente da lente no momento do
disparo.
5.
Um cronômetro.
6.
Uma lanterna adaptada com celofane vermelho, ajudará
a preservar sua visão noturna quando tiver que ler os
controles da câmera ou procurar algum acessório. Se
você possui alguma experiência em montagens poderá adaptar
um LED vermelho (desses de 10 mm de diâmetro e alta
luminosidade) no lugar da lâmpada de uma
lanterna pequena de duas pilhas.
7.
Um bloco para anotações e uma prancheta para manter os registros das técnicas utilizadas
nas astrofotografias. É sempre conveniente registrar data, local, condições de céu, máquina fotográfica,
lente, tipo de filme, tempo de exposição, abertura e assunto. A partir de suas anotações
você poderá avaliar os resultados das fotos e corrigir
os erros.
8.
Filme. Use inicialmente filmes ISO 400 por exemplo: KODAK Ultra ou Fuji Superia 400.
Eles são sensíveis, tem uma granulação fina e são faceis
de encontrar no comércio. Depois que adquirir alguma
experiência tente filmes mais rápidos como: Fuji G 800,
Kodak PJC 1600, porém estes são mais caros e difíceis
de encontrar.
De
posse do equipamento, você está pronto para iniciar
na astrofotografia. Escolha um local mais longe possível
da poluição luminosa urbana e uma noite de céu limpo
e sem Lua. Propriedades na zona rural são bem adequadas
e seguras, se você, parente ou amigo não possuem uma,
procure falar com algum proprietário previamente, a
maioria concede
a permissão sem dificuldade. Não vá invadir uma propriedade
sem autorização, pois poderá ter problemas. Leve agasalhos,
água e cadeiras de camping, caso pretenda ficar longo
tempo em campo.
Então
siga estes passos:
1.
Carrege a câmera com o filme e remova qualquer filtro,
eles podem causar reflexões internas em fotografia noturna.
2.
Monte a máquina fotográfica no tripé, prenda a cabo
de disparo, fixe a velocidade de obturador para 'B'
ou 'T', focalize para infinito, e abra a lente na sua
maior abertura (menor número). Prepare seu cronômetro,
bloco de anotações, e lanterna vermelha.
3.
Aponte sua máquina fotográfica a uma constelação e enquadre-a
tão bem quanto você puder. Confira o foco e abertura.
4.
Segurando o cartão preto em frente à objetiva, prima
o botão do cabo de disparo para abrir o obturador e
trave o cabo. Quando a câmera estiver estabilizada,
remova o cartão preto da frente da objetiva e dispare o cronômetro.
5.
Ao final da contagem do tempo de exposição (veja tabela
abaixo), recoloque o cartão preto à frente da máquina
fotográfica e destrave o cabo disparador para fechar
o obturador. Recomendo usar 17 segundos nestas primeiras
tentativas, que é o tempo máximo médio.
Avance o filme. Parabéns, você acabou de tirar sua primeira
astrofoto!
6.
Registre os dados da foto no bloco de notas, faça disso
um hábito.
Tabela
do máximo tempo de exposição, em segundos, com câmera
fixa no tripé, antes da manisfestação do traço:
Qualquer
dúvida com o termos 'Dec' (Declinação),
veja a página sobre Sistema
de Cordenadas Celestes
Dicas:
Às
vezes, registrar o traço é desejado. Coloque a abertura
da lente em 4 para evitar sobreexpor o céu, tente uma
exposição de 10 minutos enquadrando uma grande constelação
como Orion. Uma clássica fotografia de rastros de estrelas
é feita com uma hora ou mais de exposição, centrada
no pólo celeste, enquadrando as estrelas circumpolares.
nesse último caso use abertura 5.6. Meteoros são outra possibilidade. Há aproximadamente
oito "estrelas cadentes" por hora todas as
noites, mas suas chances melhoram consideravelmente
durante as principais chuvas de meteoro, como os Perseidas
em 11 de agosto, os Leonídeos em 18 de novembro ou os
Geminídeos. 13 de dezembro Use filme ISO 400 ou mais
e com a lente na maior abertura. Aponte para uma região
do céu e faça exposições sucessivas de 5 minutos cada.
Satélites
artificiais são outros objetos interessantes de fotografar.
É possível prever os horários, posição e magnitudes
dos satélites em alguns sites, o que facilita bastante.
Os satélites da rede Iridium produzem um forte reflexo
que dá um belo efeito na fotografia. Outros giram rapidamente
causam um traço intermitente na foto.
Eclipses
da Lua são eventos de rara beleza e o grande desafio
é capturar toda sequência do eclipse fazendo a correta
exposição. Será necessário uma tele-objetiva
de no mínimo 200 mm para que a imagem não fique muito
pequena. A exposição deve variar conforme a fase do
eclipse e na totalidade o brilho pode variar desde laranja
claro até cinza escuro e depende das condições atmosféricas
da época.
A
tabela de exposição a seguir foi montada para uso de
filmes ISO 100 a 1600, possui
uma faixa larga de exposição da totalidade onde você
terá que julgar a mais adequada de acordo com o brilho
que a Lua atingir ( se tiver dúvida tente a faixa
intermediária). Na última faixa (azul
escuro) é possível registrar as estrelas,
porém note que com câmera fixa, você
não deve ultrapassar os limites da tabela do
máximo tempo de exposição, e que
depende da posição (declinação)
do astro no céu. Nessa tipo de exposição
os filmes rápidos, apesar de serem mais granulados,
permitem utilizar tempos mais curtos diminuindo as limitações
desta técnica. O uso da tabela é facil,
basta localizar abaixo da abertura utilizada na câmera,
a cor que representa a fase do eclipse, e encontrar
à direita, de acordo com o filme utilizado, a
velocidade da exposição que deverá
ser ajustada na câmera.
A faixa entre o início do eclipse umbral até
início da totalidade, que está entre o
azul claro e o cinza, é a fase que a lua vai
sendo coberta pela sombra. Nesta fase uma regra simples
pode ajudar: para cada quarto de Lua que for coberto
pela sombra aumente o tempo de disparo do obturador
em dois pontos (o mesmo que quadruplicar o tempo).
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Principais fases de um eclipse da Lua
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Na próxima etapa
tratarei da astro-fotografia ainda sem telescópio
porém, com câmera montada em uma plataforma
móvel que poderá ser construida com materiais
simples e permitirá fotos de longa exposição.
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